terça-feira, 26 de junho de 2012

Projeto Mulheres da Paz


Depois de passar por dois meses de capacitação, as 200 integrantes do Projeto Mulheres da Paz começam o trabalho de apresentação e reconhecimento da comunidade

A tarde de quarta-feira, 20, estava com a cara do inverno que iria começar poucas horas depois. Na Rua Timóteo Rodrigues, na Victor Issler, poucas pessoas caminhavam pela rua. As casas estavam quase que todas com suas janelas fechadas. Pelo caminho, quatro mulheres iam conversando e trocando informações sobre em qual residência iriam entrar.
Depois que a primeira moradora não quis muita conversa, logo elas foram bem recepcionadas por Elaine Margarete da Silva, que vive na comunidade há 20 anos. “Sejam bem vindas. Podem entrar o cachorro não morde”. Começava assim a primeira visita do dia, das Mulheres da Paz.
Com simpatia e sorriso no rosto, dona Elaine ouviu atentamente por que aquelas quatro pessoas estavam ali. Depois de 15 minutos o resultado foi positivo: “Que bom à gente saber que agora temos alguém para recorrer quando tivermos algum problema. É muito importante para a comunidade. Fico muito feliz em poder ter pessoas com quem contar”.
Após a despedida, o resultado que é esperado de todos. A receptividade para entender o projeto, que começou há dois meses, quando 200 mulheres iniciaram a capacitação cidadã, onde tiveram noções de direitos humanos, mediação de conflito, violência, Maria da Penha, mediação de conflito e acesso a justiça.
“Elas se tornaram articuladoras sociais da cidadania para outras pessoas. O papel delas é instruir a sua comunidade, orientar as pessoas, para que possam buscar a solução dos problemas”, explica Nei Alberto Pies, coordenador da equipe multidisciplinar do projeto Mulheres da Paz pela comissão dos Direitos Humanos de Passo Fundo.
Atualmente, 160 mulheres estão divididas na região 1, que compreende o Záchia, Valinhos e Vera Cruz; a região 2, onde faz parte o Integração e a Santa Marta; na região três são atendidos os bairros São Luiz Gonzaga, Manoel Corralo, Entre Rios e Cruzeiro; e a região quatro, com os bairros Victor Issler. Elas recebem R$ 190 por mês para estarem à disposição da comunidade quando necessitar.
Segundo Pies, é importante ressaltar o papel dessas pessoas na comunidade, para que todos possam aproveitar o máximo o projeto: “Elas irão orientar qual o caminho a seguir, conversar com a equipe multidisciplinar, fazer mediações quando possível, mas nunca resolver o conflito. As Mulheres da Paz não são uma nova entidade e sim uma cidadania que está sendo propagada”.
O Projeto Mulheres da Paz é uma parceria entre Governo Federal e Município de Passo Fundo, coordenado pela Secretaria de Segurança Pública e executado pela Comissão de Direitos Humanos. Ele compreende 150 horas de capacitação e acompanhamento a 200 mulheres selecionadas dentre quatro grandes Regiões da cidade. 
“Nossa expectativa é muito boa, acreditamos que elas estão felizes com esse trabalho e estão sendo reconhecidas. Os bairros, através das Mulheres da Paz, irão construir uma cultura de paz”, salienta o coordenador.
Visitas
Nesse primeiro mês de trabalho as Mulheres da Paz irão “se apresentar” para a comunidade. A ideia é fazer com que, tanto elas, quanto a comunidade, entendam o projeto. Na Victor Issler são 30 integrantes, que irão percorrer todas as casas, em busca da realidade. 
A psicóloga Paulina Cecilia Montovani é coordenadora da equipe no bairro. Ela explica que nessa etapa as participantes do projeto terão que cumprir algumas metas: “Serão cinco visitas as famílias, realizadas em dupla ou trio; uma reunião mensal na comunidade com algum assunto relevante; além de três atividades de acompanhamento onde serão realizados trabalhos em grupo”.
Esse é o trabalho que será desenvolvido nos próximos 12 meses por Mara Inês de Moraes, que vive no bairro há 20 anos. Mara já participa de atividades na comunidade, junto ao clube de mães da igreja, onde arrecada pães e sacolas econômicas para distribuir para as famílias carentes. Agora ela que ir além; “Como moro no bairro e conheço algumas pessoas, acho que fica mais fácil conseguir prestar o atendimento adequado. Eu percebo que a receptividade tem sido muito boa dos moradores. A expectativa é de que vou me esforçar o máximo para atingir os objetivos”.
Como as visitas estão apenas iniciando, o momento será de identificar as principais demandas e já começar a fazer o levantamento. “Elas trazem, através de um relatório, o que foi observado durante a conversa. Em algumas situações, nós já poderemos dar a orientação necessária e, em outros casos, já projetar o encaminhamento”.
Para Paulina, a principal dificuldade será criar a confiança entre as Mulheres da Paz e a comunidade: “Envolver o projeto demanda várias expectativas da população, carregados de ideias, que irão trazer uma política de paz para cada comunidade”.

Fone: http://www.diariodamanha.com/noticias.asp?a=view&id=33546
Redação Passo Fundo - redacao@diariodamanha.net

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